sábado, 6 de dezembro de 2008

Lágrimas Ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

4 comentários:

adelaide disse...

Lindo poema, e triste

OnlyMe disse...

Gosto mto de Florbela Espanca e este poema é simplesmente lindo.
Bom dia!!
Jinhos :)

sonhos/pesadelos disse...

a lágrima tem de cair para deixar posteriormente o sorriso fluir...

abelhinha disse...

Adoro poemas, este é lindo tens bom gosto parabêns.

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