Ninguém lava as mãos nas casas de banho. Está na hora de acabar com o aperto de mão.
Comecemos pelas boas notícias: acabaram-se os apertos de mão obrigatórios que definem a nossa personalidade do género "olha que fulano determinado" ou "que mãozinha sapuda deste biltre, não confio nele"... vão acabar os "passou-bem" a engravatados desconhecidos que podem vir das férias familiares em saldo do México carregadinhos de H1N1 - aleluia! -, os bacalhaus a amigalhaços com que nos cruzamos fortuitamente acabadinhos de sair do WC de mão morninha de agarrar nos tintins.
Há anos que tentava arranjar uma desculpa credível para me ver livre deste cumprimento sem quebrar as regras básicas do protocolo e ser apenas "aquela besta" e não "aquela besta que me deixou de mão estendida". Há uma diferença substantiva. A gripe dos porcos veio dar uma mãozinha.
Não se trata de hipocondria à la Marcelo Rebelo de Sousa. O handshake não faz sentido quando se sabe que uma boa percentagem de doenças infecciosas são transmitidas por contacto indirecto, onde inclui obviamente o encostar entre as palmas da mão quentes e suadas, precisamente a parte do corpo que se usa para tossir e parar o impacto do espirro viral. Pior só um cumprimento que consistisse em lamber as palmas das mãos do outro. Há quem o faça. Mas isso é real politiks.
E, senhoras, leiam com atenção. A percentagem de homens que sai de uma casa de banho sem lavar as patas é extraordinariamente abjecta. E não é só em Portugal. Um dos últimos estudos feito por cá revelava que 25% dos homens admitiam ter ido ao WC e não lavado as mãos. Ora, sabemos como os portugueses mentem nas sondagens para as intenções de voto. Quanto mais numa coisa destas...
É estranho como se tornou socialmente aceitável entre 'gajos' passar pelos WC fazer o nº 1, dar uma penteadela e sair. E mesmo agora que estão com medo da gripe é ver como olham espantados para os lavatórios sem saber como aquilo funciona! Sim... agora já não há torneiras como 'antigamente', como a última vez que lavaram as mãos. Agora há detectores de movimento, sensores, toques de pé, um sem-números de complicações que desmotivam.
O aperto de mão consta na mitologia dos livros de etiqueta, surgiu na época medieval como sinal de paz para demonstrar que não se trazia um punhal que o abraço poderia tornar fatal. Como se desde então não se tivesse desenvolvido uma cultura de facadinhas nas costas com base no aperto de mão entre homens de honra. Dirão alguns que o excesso de higiene leva ao enfraquecimento do sistema imunitário. É verdade. Mas para me manter rijo não tenho de andar a esfregar as palmas das mãos em homens.
Soluções? O piscar de olho pareceria a solução ideal, dado que hoje em dia muita gente está ao telemóvel e de mãos ocupadas quando os outros chegam para cumprimentar, o que isenta a necessidade de comunicação verbal e é um regime de 'mãos livres'. Mas pode levar a mal-entendidos desagradáveis.
Estive a fazer leituras e a pensar no assunto. A saudação mais adequada é a utilizada desde há 40 anos, pelo dr. Spock na série "O Caminho das Estrelas" em que este levanta a mão e une o anelar ao mindinho e o indicador ao dedo médio, deixando um espaço V. É a "saudação vulcana". Veio-se a saber depois que foi inspirada numa bênção judaica, o nesiat kapayim. Trata-se do cumprimento perfeito para os dias de hoje. E não apenas por ter raízes na tradição monoteísta, traduzindo igualmente uma contemporânea abertura à hipótese de vida no Universo, não deixando de ser uma homenagem ao poder da televisão nas últimas décadas.
Mas sim porque em centenas de episódios de "Star Trek" não me lembro de ter visto o Spock a ir ao banheiro.
Há anos que tentava arranjar uma desculpa credível para me ver livre deste cumprimento sem quebrar as regras básicas do protocolo e ser apenas "aquela besta" e não "aquela besta que me deixou de mão estendida". Há uma diferença substantiva. A gripe dos porcos veio dar uma mãozinha.
Não se trata de hipocondria à la Marcelo Rebelo de Sousa. O handshake não faz sentido quando se sabe que uma boa percentagem de doenças infecciosas são transmitidas por contacto indirecto, onde inclui obviamente o encostar entre as palmas da mão quentes e suadas, precisamente a parte do corpo que se usa para tossir e parar o impacto do espirro viral. Pior só um cumprimento que consistisse em lamber as palmas das mãos do outro. Há quem o faça. Mas isso é real politiks.
E, senhoras, leiam com atenção. A percentagem de homens que sai de uma casa de banho sem lavar as patas é extraordinariamente abjecta. E não é só em Portugal. Um dos últimos estudos feito por cá revelava que 25% dos homens admitiam ter ido ao WC e não lavado as mãos. Ora, sabemos como os portugueses mentem nas sondagens para as intenções de voto. Quanto mais numa coisa destas...
É estranho como se tornou socialmente aceitável entre 'gajos' passar pelos WC fazer o nº 1, dar uma penteadela e sair. E mesmo agora que estão com medo da gripe é ver como olham espantados para os lavatórios sem saber como aquilo funciona! Sim... agora já não há torneiras como 'antigamente', como a última vez que lavaram as mãos. Agora há detectores de movimento, sensores, toques de pé, um sem-números de complicações que desmotivam.
O aperto de mão consta na mitologia dos livros de etiqueta, surgiu na época medieval como sinal de paz para demonstrar que não se trazia um punhal que o abraço poderia tornar fatal. Como se desde então não se tivesse desenvolvido uma cultura de facadinhas nas costas com base no aperto de mão entre homens de honra. Dirão alguns que o excesso de higiene leva ao enfraquecimento do sistema imunitário. É verdade. Mas para me manter rijo não tenho de andar a esfregar as palmas das mãos em homens.
Soluções? O piscar de olho pareceria a solução ideal, dado que hoje em dia muita gente está ao telemóvel e de mãos ocupadas quando os outros chegam para cumprimentar, o que isenta a necessidade de comunicação verbal e é um regime de 'mãos livres'. Mas pode levar a mal-entendidos desagradáveis.
Estive a fazer leituras e a pensar no assunto. A saudação mais adequada é a utilizada desde há 40 anos, pelo dr. Spock na série "O Caminho das Estrelas" em que este levanta a mão e une o anelar ao mindinho e o indicador ao dedo médio, deixando um espaço V. É a "saudação vulcana". Veio-se a saber depois que foi inspirada numa bênção judaica, o nesiat kapayim. Trata-se do cumprimento perfeito para os dias de hoje. E não apenas por ter raízes na tradição monoteísta, traduzindo igualmente uma contemporânea abertura à hipótese de vida no Universo, não deixando de ser uma homenagem ao poder da televisão nas últimas décadas.
Mas sim porque em centenas de episódios de "Star Trek" não me lembro de ter visto o Spock a ir ao banheiro.
Texto de Luis Pedro Nunes